O Afocefe Sindicato manifesta seu repúdio por meio de nota conjunta divulgada pela Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul, que integra os principais sindicatos representantes do funcionalismo estadual, ao artigo do presidente da Fecomércio/RS, Luiz Carlos Bohn, publicado no jornal Zero Hora de 15/06.
As entidades que compõem a Frente, entre elas o Afocefe Sindicato, consideram desrespeitosa e desconectada com a realidade a sugestão do presidente da Fecomércio de uma Proposta de Emenda à Constituição para reduzir salários dos servidores públicos como medida por conta da crise econômica causada pela pandemia do Coronavírus.
Servidores de todas as esferas da administração pública sofrem dificuldades com uma brutal redução de direitos, congelamento e parcelamento salarial, prestando mesmo durante a crise da Covid-19 serviços públicos essenciais à população, como é o caso dos Técnicos Tributários da Receita Estadual que realizam a fiscalização de ICMS, combatendo a sonegação fiscal, para que o Estado tenha recursos e cumpra devidamente seu papel junto à população.
NOTA PÚBLICA CONJUNTA DE REPÚDIO DA FRENTE DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO RS
As entidades que compõem a Frente dos Servidores Públicos do Rio Grande do Sul vêm a público manifestar seu repúdio ao artigo publicado pelo Presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, na edição de Zero Hora de 15/06/2020, em que sugere Proposta de Emenda à Constituição para reduzir salários dos servidores públicos no Brasil como medida urgente por conta da crise econômica causada pela pandemia do Coronavírus. Na texto intitulado “A conta da Covid-19 está mal dividida”, o empresário refere que os servidores não “têm os mesmo riscos que os empreendedores e os trabalhadores CLT”, e que todos aqueles que prestaram concurso público seriam cidadãos de primeira linha, pois possuem estabilidade e se aposentaram em melhores condições.
Tal pensamento, além de simplista e desrespeitoso com o funcionalismo público, demonstra-se desconectado da realidade. Milhares de servidores de todas as esferas da administração pública sofrem dificuldades com uma brutal redução de direitos, congelamento e parcelamento salarial, prestando mesmo durante a crise da Covid-19 serviços públicos essenciais à população brasileira nas áreas da saúde, da educação, da segurança pública, da assistência social e da justiça, entre outras.
As declarações do empresário vão ao encontro da lógica do governo federal, expressadas publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, que qualificou os servidores públicos como “parasitas” e “inimigos”. Nessa esteira, o governador Eduardo Leite/PSDB, segue a mesma cartilha de Bolsonaro que defende o estado mínimo sob a égide da modernidade, promovendo o fim do serviço público e aprofundando ataques a direitos históricos dos trabalhadores e o desmonte do estado para entregá-lo de bandeja para a iniciativa privada, prejudicando assim, a população que mais necessita dos serviços públicos. A contradição e falência do modelo ultraliberal defendido pelos governos e pelos representantes da classe empresarial do atraso atinge o seu clímax neste momento. Até os servidores que já deram sua contribuição e agora estão aposentados são atacados brutalmente com o confisco dos seus salários depois da aprovação da reforma previdenciária de Bolsonaro e Leite. A tragédia na nossa sociedade seria ainda maior se não fossem os serviços públicos como o SUS e os servidores públicos que mesmo com vencimentos básicos inferiores ao salário mínimo, recebendo com atrasos de até 45 dias e há quase 6 anos sem reposição, se doam para a coletividade, amenizando a crise sanitária que atravessamos.
Enquanto a palavra de ordem é atacar os servidores públicos que defendem a sociedade, os verdadeiros privilégios e privilegiados seguem intactos no Brasil. Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estimou que a instituição poderá comprar até R$ 972 bilhões em papéis de empresas privadas em nome da “ajuda a empresas em dificuldades” fruto da aprovação da PEC do Orçamento de Guerra. Facilidades e valores não vistos na ajuda emergencial aos mais necessitados e aos demais entes públicos federados. Nada se fala sobre a auditoria da escandalosa dívida pública brasileira ou sobre a taxação das grandes fortunas como formas de mitigar os prejuízos advindos da crise do Coronavírus, como já se discute em países vizinhos.
Não aceitaremos mais calados ataques ou desqualificações com a falsa ideia de que os servidores públicos não trabalham ou são privilegiados no país, tanto nesse como em qualquer outro momento histórico. Somos todos trabalhadores e trabalhadoras que devem ser respeitados na defesa da sociedade a quem prestamos os serviços públicos. Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio, deveria focar sua preocupação com as centenas de pequenas lojas fechadas pela política econômica do governo Bolsonaro e com o recebimento em dia dos milhares de clientes servidores públicos que movimentam o comércio gaúcho.
Frente dos Servidores Públicos (FSP/RS): ABOJERIS, AFOCEFE, ADUFRGS, ASSUFRGS, ANDES/UFRGS, ASSERLEGIS, CEAPE, CEPROL, CPERS, CGTB, CTB, CUT, FETEE Sul, INTERSINDICAL, PÚBLICA, SEMAPI, SENERGISUL, SIMPA, SIMPE, SINDICAIXA, SINDISPGE, SINDJUS-RS, SINDOIF, SINDPERS, SINDSEPE/RS, SINDISERF RS, SINPRO/RS, SINTERGS, SINTRAJUFE/RS